Contributo para a Estratégia Cultural de Braga 2030

1 MOSAICO

Plataforma de projetos inclusivos artísticos e educativos

A plataforma MOSAICO une um coletivo de artistas, criativos e educadores que, ao longo de 20 anos, foram contribuindo para o início desta plataforma. Os projetos inclusivos, artísticos e educativos foram surgindo como laboratórios experimentais e vivenciais em que o contributo dado por cada um foi/é fundamental para a construção do TODO.

O MOSAICO herda o historial e experiência de 20 anos de trabalho no terreno da criadora Ana Caridade, com diversos parceiros, contextos e especialmente com pessoas em que todos contribuíram para o constante crescimento conjunto.

O MOSAICO tem como base o ser humano… a estimulação da humanização, os direitos humanos e os objetivos do desenvolvimento sustentável. Pretende ser uma plataforma de partilha de boas práticas inclusivas valorizando a identidade e o contributo de cada peça que perfaz o desenho final do MOSAICO. Tem como meta tornar a educação e a arte acessível a todos. O MOSAICO procura e experimenta caminhos de inclusão da diferença respeitando as necessidades de cada um nessa busca da acessibilidade para todos.

 

2 RAZÃO PARA SER

A criadora do MOSAICO, no presente momento, encontra-se a desenvolver uma investigação, no âmbito do Mestrado em Educação Artística, na área da dança em parceria com o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Faculdade de Motricidade Humana e com a investigadora Kim Dunphy.  O contributo desta investigação é para a validação do MARA – Movement Assessment and Reporting App para Portugal e um a realização de um upgrade para as sessões tipo para auxiliar no uso da aplicação. Esta ferramenta ficará acessível para todos e auxiliará na qualidade da avaliação num contexto da dança e da dança movimento terapia.

O grupo de investigação do MARA – Movement Assessment and Reporting App é internacional, onde cada investigador das diversas áreas e países, contribuem para a partilha de experiências e conhecimentos produzindo conhecimento para ser disseminado.

Esta validação será testada em Braga em diversos contextos em que o MOSAICO intervém e pretende-se que seja um contributo para a elevação da qualidade trabalho desenvolvido da área de dança inclusiva.

https://www.makingdancematter.com.au/about/

Em 2019, o MOSAICO foi convidado para fazer parte da equipa criativa do projeto PELE da CERCIgui. A equipa MOSAICO de movimento durante três meses desenvolveu um trabalho coreográfico com os clientes da CERCIgui, CERCI Braga e com alunos do 5º ano de Dança Escolar do Agrupamento de Escolas de Abação. Através de arte participativa foi elaborado um espetáculo que foi apresentado no dia 1 de março.

Desde de 2015 até ao presente ano, a criadora do MOSAICO e posteriormente a equipa MOSAICO, desenvolveu o trabalho artístico com a CERCI Braga fazendo um percurso com uma equipa de profissionais especializados em arte com a comunidade, arte participativa e arte inclusiva. Abriram-se as fronteiras e quebraram-se muros para acontecer a inclusão das pessoas com deficiência na comunidade através da arte.

Em 2017, Ana Caridade assume a direção artística da CERCI Braga e, conjuntamente com o MOSAICO, e cria-se um marco de viragem na arte e inclusão em Braga. Não só na elevação artística da qualidade das apresentações finais dos projetos como também pela forma como se trabalha a dança inclusiva com os participantes. A dança é vista como uma base do trabalho artístico, que funde em cruzamentos artísticos e potencia a dimensão de desenvolvimento das competências pessoais, socias e artísticas de todos os participantes, criando momentos realmente inclusivos.

A arte está intimamente ligada ao desenvolvimento pessoal e das relações humanas tendo em vista esta aprendizagem de vivência no respeito pela diferença/ respeito pelo Outro. Este trabalho artístico assenta na visão das potencialidades/habilidades e não nas limitações. As limitações são vistas como formas de potencialização das habilidades, procurando a valorização da pessoa com deficiência possibilitando-lhe os seus direitos à arte com dignidade.

Principais parceiros: LOUREIRA – Associação Cultural, Recreativa, Desportiva e de Solidariedade Social, CERCI Braga, CERCIgui, WhatDesign, Framework Lab, HMDesigner, Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Município de Braga, Município de Guimarães, Município de Vila Verde, Município de Cabeceiras de Basto, Instituto Nacional para a Reabilitação, Direção Regional da Cultura do Norte, Guimarães NOC NOC, Manuel Correia (fotografia), Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Associação Grupo de Amigos das Convertidas, Associação Popolomondo, Sementinha, AADVDB – Associação de apoio aos deficientes visuais do distrito de Braga , EB 2,3 Trigal Santa Maria, Agrupamento de Escolas D. Maria ll, Escola EB 23 de Celeirós, ArteTotal – Educação Artística, Associação: O mundo somos nós.

Desenvolve agora projetos como base de nova estratégia de futuro, presente já em consórcios de trabalho, procurando oportunidades intervenção no território, dos quais motivam a apresentação de contributos de desenvolvimento, capacitação e investimento a curto, médio e longo prazo.

 

Projetos mais significativos:

INIKÊ (coletivo de artistas e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2017/10/10/inike/

Do Arco da Velha (coletivo de artistas e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2017/11/30/do-arco-da-velha/

My handsmy heart (MOSAICO e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2018/03/19/videodanca-cerci-braga/

Terra Crua (MOSAICO e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2018/07/14/terra-crua/

Blossom (MOSAICO e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2019/07/14/blosson/

Dança para T@dos (MOSAICO e co-produção com CERCI Braga)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2020/03/14/danca-para-todos/

PELE (coletivo de artistas e MOSAICO e co-produção com CERCIgui)

http://www.mo-sai-co.pt/blog/2020/03/27/pele/

 

3 CONTRIBUTOS

A estratégia criada, apesar de referir inclusão por diversas vezes, não denota o trabalho desenvolvido em Braga, em especial na área da deficiência, palavra que não surge no documento. A estratégia criada é um passo proposto para a democratização de oportunidades para todos que o MOSAICO propõe que se abrace um trabalho mais profissional para as pessoas com deficiência.

Sendo certo que muito do trabalho na área da deficiência é feito de forma pouco profissional e denotando falta de formação e conteúdo artístico, é pois uma oportunidade de desenvolver ação, capacitando os agentes, oferecendo novas oportunidades para este público e oferecendo à comunidade diferentes produtos artísticos, feitos por todos para todos. A Estratégia Cultural de Braga 2020-2030 mostra-nos muitas possibilidades que podem ser adaptadas para as pessoas com deficiência. Essas propostas conjuntamente com os agentes que desenvolvem o trabalho inclusivo com a deficiência, podem criar uma viragem bem significativa tornando a cidade de Braga um exemplo nesta área de intervenção.

O MOSAICO pretende desenvolver ação estruturada e direcionada para um público-alvo muito específico, mas parte importante das comunidades e que envolve toda a mesma pelas suas características únicas, tendo para isso sido desenhado um processo de co-criação artístico com recurso a diferentes vertentes artísticas (dança, música, videodança, fotografia, etc…) para pessoas com deficiência, institucionalizados em Centros de Atividades Ocupacionais, de cada um dos Municípios do Cávado, e/ou nos Agrupamentos de Escola e Escolas Não Agrupadas.

Dando-se primazia ao processo com os participantes de forma a implementar um projeto artístico de qualidade promove-se as competências pessoais, sociais e artísticas dos participantes e criando momentos de formação e/ou sensibilização para o respeito pela diferença.

Esta ação tem como principais objetivos:

  • capacitar e formar os participantes, com e sem deficiência, para aprendizagens técnicas no âmbito da dança, música, videodança e outras expressões artísticas.
  • promover a interação, partilha e envolvimento ativo de pessoas com e sem deficiência na realização de iniciativas culturais e artísticas de qualidade;
  • potenciar e valorizar as competências artísticas das pessoas com deficiência;
  • envolver grupos formais e informais na co-construção de uma sociedade mais inclusiva e sensível à diferença.

Definem-se como principais atividades desta ação:

  • Reunião com as entidades parceiras para planeamento, organização e acompanhamento das atividades (identificação dos contextos institucionais e participantes diretos; análise dos níveis de execução; avaliação e monitorização dos impactos do projeto; coordenação interinstitucional);
  • sessões de capacitação da equipa técnica, técnicos das instituições e outros agentes envolvidos sobre a metodologia do processo artístico;
  • oficinas de dança, música, teatro… com os diferentes grupos de Centros de Atividades Ocupacionais (fazendo o trabalho de inclusão – CAOs e comunidade);
  • Criação de uma videodança por município inspirada no Património local de cada um, que implicará o trabalho de recolha, análise e tratamento de informação;
  • Realização de 5 sessões de fotografia artística com os CAOs no concelho, subordinada a um tema ligado ao Património local;
  • criação do espetáculo com os CAOs e com a comunidade: construção de um espetáculo de cruzamentos artísticos (+ dança; + música; + vídeo; + teatro); criação dos cenários e figurinos com a comunidade;
  • Apresentação pública do espetáculo construído ao longo do processo artístico desenvolvido com os participantes. A apresentação pública consta de 6 instalações artísticas, em que cada instalação terá um catálogo a acompanhar; documentário e exposição fotográfica do processo e lançamento do livro que documente todo o processo de cocriação com os participantes e comunidade;
  • Realização de um encontro intermunicipal de partilha com companhias nacionais e internacionais ligadas a artes performativas inclusivas.

3.1 Ação

Esta forma de intervenção tem crescido em Braga e em Guimarães, tendo sido chamada para uma possível intervenção na CIM do Cávado, alargando assim a mais 6 concelhos no âmbito do Cultura para Todos, e que tem obtido reconhecimento pelos convites para eventos e seminários nacionais e internacionais ou mesmo sendo selecionados para festivais como o International Dance Festival, selecionado o  trabalho BLOSSOM para ser incluído na *Mostra de videodança* que decorrerá entre os dias 18 de setembro e 11 de outubro de 2020 (Quinzena de Dança de Almada).

O MOSAICO E A ONDAMARELA, tal como demais membros do coletivo desenvolvem um trabalho de inclusão e incentivo à participação cultural, artística e cívica das comunidades participantes, sem exclusões de participação e também importante sem exclusões de criação, estimulando sentimentos de pertença, de identificação dos participantes, propondo novos métodos e processos artísticos baseados na experimentação e na improvisação.

Ao criar identificação e pretensão, levando à apresentação de espetáculos e momentos de envolvimento com a participação de grupos heterogéneos de pessoas das diferentes comunidades envolvidas, e em que o resultado artístico seja identificativo das caraterísticas dos participantes e das suas especificidades, criarão raizes de forte implantação que lhes dará continuidade e identidade única.

Através de dinâmicas de mentorias que não partam da direção artística hierárquica usual, a estratégia que gostaria de ver adotada em Braga 2020 2030, passa organizar núcleos criativos com elementos de cada uma das experiências artísticas, entidades participantes e dos espaços de produção e divulgação cultural e artística, de forma colaborativa.

Proposta futuro

  • Desenvolvimento do trabalho atual aberto a outras entidades e população (alargamento das áreas de intervenção com outros e com mais profissionais)
  • Criação de companhia inclusiva caminhando para a profissionalização e gestora de recursos para a comunidade
  • Formação a agentes, técnicos, artistas e criadores para desenvolvimento de arte e cultura para todos (investir com urgência na formação e capacitação).
  • Formação para novos artistas nas mais diversas áreas não recorrendo só a experiências de curta duração, mas proporcionando formas de formação/capacitação de média e longa duração.
  • Intercâmbios e experiências com outras companhias nacionais e internacionais.
  • Criação de residências artísticas com população diferenciada e fazendo cruzamentos de populações.
  • Criação de estratégias educativas e artísticas com a população escolar para a estimulação da inclusão pela arte com pessoas com deficiência.
  • Estimular a criação de respostas acessíveis a todos os públicos não só como artistas mas também como público.
  • Criação de novos públicos.

3.2 Necessidades e recursos

Em resposta ao Que cidade pode ser esta? este documento é um singelo contributo de como uma ação concertada entre agentes artísticos, educativos e sociais, são já hoje reconhecidos internacionalmente, podendo e devendo ser ouvidos, acarinhados e potenciados.

Propomos que Braga não só se posicione internacionalmente reconhecida pela inovação e criatividade, mas também e sempre pela sua inclusão e autenticidade como um todo, sendo oportunidade de criação de espaços de criação em comunidades saudáveis e colaborativas, destacando-se como caso de excelência e boas práticas para mais Cultura, mais inclusão e mais participação.

Colocando os bracarenses como os principais atores da vida cultural de Braga, e validando e valorizando o que de bom já se faz, a inclusão de púbicos desfavorecidos por razões económicas, físicas e/ou psicológicas em atividades artísticas e culturais , trazem conforme referido na estratégia Braga 2030, beneficio para a saúde, quer física, quer mental. E como tal, benefícios diretos e indiretos, nos participantes, nas famílias e na comunidade em geral.

Assegurada a todos os bracarenses, sem exceção, uma oportunidade de participação ativa e significante em experiências culturais, carece de um reforço e prémio de diferenciação positiva, promovendo um acesso descentralizado e inclusivo a esta oferta.

O trabalho já realizado tem gerado oportunidades para que artistas e produtos culturais e artísticos sejam valorizados internacionalmente, faltando pouco para gerar oportunidade de internacionalização e cruzamento com outros artistas, boas práticas e criações que permitem atratividade e crescimento das companhias e coletivos, em tudo do que estes são feitos.

Em resumo, propomos incluir ainda:

– Estratégia partilhada para a cultura inclusiva, como reforço do 2.2 Empoderar, para um roadmap de afirmação da inclusão comunitária pelas artes, apoiando na comunicação das mesmas (2.3) no sentido da valorização no sentido da verdadeira inclusão que surja da deficiência para o público em geral;

– 2.1.4 – Espaços abertos à companhia inclusiva (grande carência local), no âmbito da 2.1 Descentrar e centrar na acessibilidade e mobilidade para todos, com um espaço aberto para a cultura e criação artística de todos para todos, apoiados por estrutura de recursos humanos de coletivos como o MOSAICO, ajudando na sustentabilidade destas, profissionalizando a criação, e validação/avaliação académica das intervenções e impactos;

– No âmbito do 2.1.3 Aproxima ou semelhante, abrir oportunidades de exibição e partilha das criações da companhia inclusiva;

– Criar apoios à itinerância intra e inter-concelhio, nacional e internacional – de Braga para o Mundo -, cooperando com os agentes culturais do território, capacitando-os para entrar nos meios de divulgação e espetáculo existentes, chegando a novos públicos.

O MOSAICO como coletivos de agentes de intervenção comunitária, pela cultura e artes, agradece a possibilidade de contribuir para uma estratégia reforçada na participação de todos, que pode e será um aspeto diferenciador do que têm representado as Capitais Europeias da Cultura e também um fator de valorização da cidade por tudo o que esta é capaz de fazer por si mesmas, e por um futuro inclusivo.